Uma
singela homenagem ao Prof. Gonçalo Ribeiro Telles
O falecimento do
Prof Ribeiro Telles no passado dia 11 de Novembro representa a perda de um
grande político, estadista e ambientalista, e, sobretudo, de um insigne
arquiteto paisagista, paladino da conciliação entre o espaço urbano e área
circundante (corredores verdes, hortas urbanas, etc.), inovador na conceção de
jardins e parques e um projetista preocupado em “humanizar” os espaços
citadinos. As várias homenagens que lhe foram prestadas em vida e postumamente
e os vários prémios com que foi galardoado provam os seus méritos.
Eu desejo apenas
salientar aqui a sua bonomia e a dedicação às causas que abraçou. Entre elas a
de ensino. Fui seu aluno no curso de Arquitetura Paisagista, que frequentei no
ano de 1962 (mas não cheguei a concluir), enquanto em simultâneo fazia o curso
de agronomia, ambos professados no Instituto Superior de Agronomia. Nesse tempo
havia poucos alunos em arquitetura paisagista, apesar de ser lecionado por três
mestres nesse domínio: Francisco Caldeira Cabral, Gonçalo Ribeiro Telles e
Álvaro Ponce Dentinho. Como eu e o meu colega e amigo Nuno Souza Costa
dispúnhamos apenas das tardes de sábado, o Prof. Telles Ribeiro ia connosco ao
Castelo de S. Jorge para nos dar a aula de Desenho, com prejuízo das suas horas
de lazer ou de outras tarefas. Tive comigo durante muitos anos o meu caderno de
desenhos onde ele próprio traçara as linhas e pontos de fuga para me ajudar a
desenhar em perspetiva. Havia no castelo uma porta interior que servia para o
efeito. E a conversa sobre os assuntos ligados ao paisagismo, essa
prolongava-se até ao entardecer. Mais tarde acompanhou-nos numa visita ao
Jardim da Gulbenkian, cujas obras estavam a ser iniciadas, para nos explicar a
sua conceção e algumas das inovações por ele introduzidas.
Em
reconhecimento do que aprendi com ele, presto aqui, nestas páginas do blogue
ISA 61, a minha singela homenagem a este histórico Engenheiro Agrónomo e
Arquiteto Paisagista que muito honrou estas duas profissões.
José Venâncio
Machado, 15 de Novembro de 2020.
