Casa do Ribatejo 65

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os episódios anedóticos por José Constantino Sequeira


   
Além das fotografias, também os episódios caricatos ou cómicos, ocorridos com colegas nossos e com professores, nos fazem reviver com saudade os tempos passados no Instituto de Agronomia.





Seria bom que os colegas que tenham na memória alguns desses episódios os escrevam e coloquem no blogue.
Dos que me ocorrem,  vou relatar 3 que, provavelmente, muitos de vós também conhecem.

AS “LARANJINHAS”
Começo pelo que me parece ter mais piada. Foi-me contado por um colega nosso e só tenho pena de o não ter presenciado  “ao vivo”.
Passou-se com um aluno militar que foi fazer o exame de Topografia com o Professor  Barreto. Uma vez que  o serviço militar obrigatório ocasionava  um atraso nas nossas carreiras, o Governo criou o estatuto de aluno militar para compensar este atraso, permitindo  que um aluno a cumprir o serviço militar obrigatório pudesse requerer  os  exames  que desejasse, mesmo sem frequentar as aulas.
Antes de requerer o exame e como não tinha frequentado as aulas de topografia, esse aluno, prevendo já complicações,  foi informar-se sobre o tipo de exames que o Prof. Barreto fazia e, principalmente, quais as perguntas que utilizava para “chumbar” os alunos. Foi-lhe dito que a pergunta habitual para “chumbar” um aluno era a das “laranjinhas”. Tratava-se, como muitos devem recordar, de uma complicada demonstração em que se começava por desenhar duas circunferências e depois muitas linhas, ângulos e pontos referenciados com letras. Essas circunferências representavam duas situações que eram sucessivamente analisadas durante a demonstração, com o objectivo de  demonstrar que era possível corrigir o erro de colimação de um teodolito.
Com base nas informações que obteve, esse nosso colega, além de estudar bem a matéria, estudou minuciosamente e repetidas vezes essa demonstração, a ponto de a saber de cor na totalidade. Ao sentar-se para fazer o exame, o Prof. Barreto olhou-o fixamente e perguntou-lhe se era aluno de Topografia pois não tinha o prazer de o ter visto nas aulas. O nosso colega disse que era aluno militar e podia requerer o exame mesmo sem frequentar as aulas. Aí o Prof. Barreto perguntou-lhe se achava possível saber a matéria de uma cadeira como a Topografia sem ter posto os pés numa aula. Obteve a seguinte resposta:
- Sr. Professor, eu gosto muito de Topografia e estudei muito bem a matéria. Li até alguns livros sobre os principais assuntos desta disciplina e penso que fiquei a saber tanto como se tivesse frequentado as aulas que só não frequentei por total impossibilidade.
O Prof. Barreto disse secamente:
- Vamos então ver o que é que sabe. Em primeiro lugar vai-me demonstrar como pode ser corrigido o erro de colimação de um teodolito.
Era a pergunta que ele já esperava, a das famosas “laranjinhas” e, quando  começou a demonstração desenhando com rapidez duas circunferências no quadro, o Prof. Barreto deu um berro dizendo:
- Páre imediatamente! Como é que o senhor quer obter resultados rigorosos se nem se dignou utilizar um compasso para desenhar as circunferências?
O aluno olhou para o Prof. Barreto e pensou: “Se não der uma resposta convincente vou já para a rua com um “chumbo”. Então, ao fim de alguns segundos, apontou o dedo indicador para o Prof. Barreto e, com um ar doutoral disse:
-Tirar conclusões exactas de figuras imperfeitas é de grande mérito. DESCARTES!
O Prof. Barreto ficou sem saber o que fazer. Olhava alternadamente para o aluno e para o outro membro do Juri que fitava o aluno com ar de admiração e, passado algum tempo, disse:
-Ande lá, continue.
No fim do exame, o nosso colega foi ver o livro dos resultados com enorme expectativa.
Teve uma enorme sensação de alívio quando viu a nota. Tinha "arrancado" 14 valores!

A VACARIA
Este caso passou-se com um colega criado na zona citadina de Lisboa e que nada sabia sobre as lides agrícolas. Apesar disso, resolveu matricular-se em Agronomia.
No início do 2º semestre começava a disciplina de Zoologia Agrícola e, quando pelas 10 horas da manhã chegou ao ISA, alguns colegas do 2º ano disseram-lhe que ele já estava atrasado para a aula de “burros”. Ele perguntou que aula era aquela e então disseram-lhe que era a primeira aula da disciplina de Zoologia Agrícola e que o Prof.  Pais de Azevedo tinha decidido dar a aula na vacaria.
-Vacaria? Onde é isso? Perguntou com ar de espanto.
Os colegas admiraram-se com a ignorância daquele aluno que há seis meses frequentava aulas no ISA e disseram-lhe:
- Não sabes onde é a vacaria? É lá em cima!
Sem esperar por mais explicações, o aluno subiu ao 1º andar e depois de algumas voltas, empurrou abruptamente a grande porta  da biblioteca e perguntou aos presentes:
- É aqui a vacaria, não é?

O PROFESSOR MALHADO
Mais um episódio anedótico ligado à  disciplina de Zoologia Agrícola.
Nesse ano, era o Prof. Soares  Costa que leccionava. Como tinha um problema de pele (vitílico), os alunos conheciam-no, como muitos se recordarão, por Prof. Malhado ou Malhadinho.
Um  aluno chegou  atrasado à 1ª aula e, depois de lhe explicarem que se tratava da disciplina semestral de Zoologia Agrícola, indicaram-lhe qual a sala para onde devia ir. O aluno perguntou  quem era o Professor e recebeu a seguinte resposta:
-É o Malhado.
Quando entrou na sala, pediu desculpa pelo atraso e sentou-se numa das filas da frente. Seguiu a aula com toda a atenção e como, em dada altura, lhe tivesse surgido uma dúvida, dirigiu-se ao Prof. Soares Costa nestes termos:
-Gostava que me esclarecesse uma dúvida, Sr. Professor Malhado.
O Professor corrigiu dizendo:
-Costa!
A aluno então disse:
-Pois, pois,  Malhado Costa!


De episódios semelhantes a estes, muitos de vós se recordam certamente e poderão relatar no nosso blogue. Ficamos a aguardar.

Um cordial abraço.

José Constantino Sequeira

1 comentário:

  1. olá Margarida e Zé Sequeira,

    Vejo os grandes progressos que o nosso blog tem feito, graças emm particular ao vosso entusiasmo e dedicação. Hoje tive algum tempo e resolvi contribuir para os "episódios da malta", um ideia que, quando a lancei, sabia que teria seguidores.

    José Venancio

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