Novas ideias de negócio angolanas vão ter casa própria em 2012. A Inovisa *(Instituto Superior de Agronomia) e a Universidade Agostinho Neto juntaram-se para criar o primeiro Pólo de Tecnologias e Empresas no país.
A INDUSTRIALIZAÇÃO do sumo e do gelado da múcua - uma fruta autóctone de África com propriedades antioxidantes e benéfica para os diabéticos - é um dos projectos com potencial de negócio que, em 2012, já pode ser desenvolvido no Pólo de Tecnologias e Empresas de Angola. O novo espaço resulta de uma parceria entre a Inovisa, incubadora de empresas do Instituto Superior de Agronomia (ISA) de Lisboa, e a Universidade Agostinho Neto.
Desenhado para albergar mais de 100 start ups, numa área total de 4.000 metros quadrados, o projecto exige um investimento de 300 a 450 mil euros, caso não seja necessário um novo edifício, mas pode a ascender a largos milhões de dólares se o Governo angolano decidir construir infra-estruturas de raiz. Para já, a ideia é alojar a incubadora na Universidade Agostinho Neto, que este ano ganhou novas instalações em Luanda.
Segundo os promotores do projecto, em Angola não falta potencial empreendedor, mas há um défice de capacidade de transferência de tecnologias e conhecimento do meio académico para o mundo empresarial. Foi por isso que, em 2009, o então reitor da universidade angolana, João Teta - hoje secretário de Estado para a Ciência e Tecnologia e representante de Angola no conselho executivo da Unesco -, fez uma proposta à Inovisa: fazer um estudo sobre a criação do primeiro pólo tecnológico e empresarial do país.
«Decidimos apresentar uma candidatura ao Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) para elaborar o projecto em parceria com a Universidade Agostinho Neto, que teve início em 2010 e acabou em meados de 2011», conta o director da Inovisa, Luís Mira da Silva.
Os fundos do IPAD (cerca de 50 mil euros) e uma bolsa do programa INOV-Mundus - que permitiu enviar a investigadora Filipa Sacadura para Angola durante um ano - cobriram quase todas as necessidades de financiamento do plano de desenvolvimento, incluindo «actividades de apoio à criação de competências como workshops e formação em Luanda».
Apostas estratégicas
O novo Pólo está vocacionado para quatro sectores: Tecnologias de Informação e Comunicação, Agricultura e Alimentação, Saúde e Biotecnologia, e Ambiente e Energia. São estas «as prioridades de desenvolvimento angolano para o período 2009-2013», sublinha Sebastião Tingão, do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia de Angola, que está agora em Portugal a«apreender as boas práticas de transferência de tecnologia» da Inovisa e a tirar «uma pós-graduação em Gestão no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa».
Com o projecto concluído, falta escolher o local da futura incubadora, que está a ser negociado com o presidente José Eduardo dos Santos: «Alguns cursos passarão para a Cidade Universitária e deixarão espaços no centro de Luanda que poderiam ser adaptados provisoriamente para este fim, até que se aguarde pela construção de um edifício próprio no novo campus», diz Tingão. A incubadora arranca em 2012 e promete pôr Angola na liderança dos países da SADC (Southern African Development Community) nas áreas da saúde e energia.
Outros PALOP poderão seguir o mesmo caminho. A Inovisa já se candidatou a fundos do IPAD para um plano de desenvolvimento de uma incubadora em Moçambique em parceria com a Universidade Zambeze.
*A INOVISA – Associação para a Inovação e o Desenvolvimento Empresarial tem como principal objectivo promover a valorização do conhecimento e da tecnologia desenvolvidos no Instituto Superior de Agronomia (ISA/UTL) e a relação entre a Universidade e as empresas, reunindo igualmente competências para o desenvolvimento de start-upse spin-offs, procurando assim criar uma cultura de inovação e empreendedorismo no meio académico. A INOVISA afirma-se como uma incubadora de base científica e tecnológica na sua área de actuação, nomeadamente nas áreas agrícola, alimentar, florestal, biotecnológica e ambiental.
Neste contexto, a INOVISA desenvolve actividades que se enquadram a três níveis complementares:
– Empreendedorismo e desenvolvimento empresarial
– Inovação e transferência de tecnologia
– I&D e formação
Sem comentários:
Enviar um comentário