No ano lectivo 1961-62, creio que havia um total de cerca de 350 alunos inscritos nos cinco anos do curso, mais nos primeiros anos do que nos últimos, sendo a crivagem darwiniana feita por factores chamados Sebastião e Silva, Renato, Barreto, Varennes, etc.
Os alunos dividiam-se em quatro categorias: caloiros, veteranos, militares (descritos por José Constantino Sequeira num dos seus episódios sobre o Prof. Barreto) e honorários. Estes últimos mereciam bem esse título: gerações de alunos tiveram-nos como colegas. Eram permanentes (matriculavam-se anos sucessivos), virtuais (só apareciam no ISA no dia exame, talvez uma vez por ano) e persistentes (o seu lema: o curso é para se ir fazendo).
Encontrava-me a tomar a minha “bica” com outros colegas, no Albuquerque - aquela ante-câmara do ISA - quando vimos chegar o Honorário (chamemos-lhe assim, para evitar citar nomes, mas não era dos mais “honorários”). Vinha da Rua Jau, de fato e gravata. Em Julho!... só podia significar que tinha feito um exame oral. Mas não vinha satisfeito e risonho, como habitualmente. Não tivemos coragem para lhe perguntar como tinha corrido o exame. Mas foi ele que desabafou:
«Acabo de fazer o meu último exame do curso». Um pouco surpreendidos, dissemos-lhe com natural regozijo e quase em uníssono:
- «Eh, pá, parabéns. Dá cá um abraço. Temos de festejar ...»
- «Pois é. Mas o professor estragou-me a média. Deu-me um 11.»
Outra surpresa. Nunca pensei que o Honorário tivesse tido boas notas noutros exames. E comentei:
- «Azar, não é? Correu-te mal? Quando no último exame se deve sair em beleza...»
- «Não é nada disso» – disse-me quase aborrecido. «Em todas as outras trinta e tantas cadeiras que fiz, tive sempre 10. Estragou-me a média, o ...»
Média estragada no último exame. Já não podia constar no Livro de Recordes do ISA.
José Venâncio Machado
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