Casa do Ribatejo 65

Casa do Ribatejo 65
Casa do Ribatejo 65

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A praxe na Escola Naval

A praxe na Escola Naval
 por João Lourenço
(No episódio abaixo relatado, além do corpo de oficiais e cadetes da Escola Naval, no Alfeite, estavam presentes seis colegas de Agronomia, que pertenciam ao 7º Curso Especial dos Oficiais da Reserva Naval, (CEORN), nomeadamente:
Manuel Ferreira Lima, Francisco Godinho, Francisco Orey da Cunha, João Boavida Canada, João do Carmo Lourenço, António Baptista de Melo)

Na Escola Naval, a formação dos cadetes da Reserva Naval (milicianos), desenvolvia-se paralelamente à dos cadetes de carreira, embora naturalmente com prazos de duração diferentes.
As camaratas eram vizinhas, comíamos no mesmo refeitório (havia lá dois refeitórios, um para oficiais outro para cadetes, embora neste, numa mesa à parte, comesse o oficial - dia e o cadete - dia).
No primeiro dia a sério da nossa estada na Escola, que foi na segunda-feira seguinte à apresentação, os cadetes de carreira terminaram a refeição mais cedo, pediram, como era da praxe, ao oficial - dia autorização para se levantarem e vieram para o largo (a parada”), sem que antes, ao passarem pelo bengaleiro, não resistissem a fazer uma pequena “praxe” aos cadetes da Reserva Naval.
Diga-se que a praxe que eles fazem aos cadetes caloiros de carreira é bem mais severa do que a que nos fizeram, o que também não era de estranhar, porque enquanto aqueles eram rapazinhos de 18 ou 19 anos, no nosso caso, tínhamos no mínimo 23 anos e havia quem tivesse 25, 26 ou mais, e uma boa parte eram licenciados, alguns já assistentes na Faculdade.
Pois quando acabámos de almoçar, descemos as escadas e dirigimo-nos ao bengaleiro/chapeleiro dos cadetes onde haviam ficado os nossos bonés, colocados segundo o número que cabia a cada um. Encontrámos uma barafunda, com a sua localização completamente alterada e com as capas do boné e os elásticos para fixação do símbolo amarelo da âncora, retirados dos bonés.
Obrigou-nos a uma certa paciência para repor a situação, excepto ao Ferreira Lima, que com o seu feitio muito especial, nos seus 26 anos de idade, achou que não tinha pachorra para tais praxezinhas e então não fez mais nada: perante a barafunda dos bonés dos cadetes dirigiu-se ao local onde se encontravam os bonés dos oficiais e pegou num deles, aquele que melhor se ajustou ao seu tamanho, enfiou-o na cabeça e veio tranquilamente para a parada, onde estavam os cadetes da Escola que tinham preparado a pequena partida.
Bom, aqui virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Os cadetes de carreira quando viram o Ferreira Lima com um boné que era de um Capitão de Fragata (equivalente a Tenente-Coronel) acharam aquela atitude, um sacrilégio ou um crime de lesa-pátria e preocupadíssimos, recomendaram-lhe que fosse rapidamente pôr o boné no lugar, porque se arriscava a um castigo pesado. Longe de provocar o efeito que eles seriamente esperavam, o Ferreira Lima esteve-se “nas tintas”, permaneceu impassível, respondendo que alguém fizera desaparecer o seu boné. Então foi engraçado ver como eles, os autores da praxe, se apressaram a perguntar-lhe pelo seu número e foram eles à procura  do seu boné. Parecia que os praxados eram eles!!!!
O Ferreira Lima já no Instituto Superior de Agronomia era conhecido pela sua forma muito especial de resolver os problemas.



   Comandantes e Imediatos que prestaram serviço na NRP CENTAURO



O NRP “Centauro" - P 1130, foi a quinta de seis LFG's - Lanchas de Fiscalização Grandes, a ser construída nos Estaleiros Navais do Alfeite e a nona de 10 idênticas, pertencentes à mesma classe "Argos".

Aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 25 de Abril de 1965.

A LFG “Centauro” deixou Lisboa em 28 de Junho com destino a S. Tomé e Principe onde chegou a 16 de Julho, depois de ter escalado os portos do Funchal e S. Vicente de Cabo Verde.

Efectuou múltiplas missões em Angola e S. Tomé, tendo alternado o tempo de vida operacional entre aqueles dois territórios.

Em Setembro de 1975, em Luanda, foi abatida ao efectivo dos navios da Armada.

Efectuou na totalidade, entre 1964 e 1975, cerca de 7.154 horas de navegação.

Comandaram a LFG "Centauro" os seguintes oficiais dos QP's:
1º TEN Vasco Proença de Oliveira, 1º TEN Pedro Manuel de Vasconcelos Caeiro, 1º TEN Carlos de Almada Contreiras, 1º TEN Carlos António David da Silva Cardoso, 1º TEN João Nuno Ribeiro Ferreira Barbosa e ainda o 1º TEN Joaquim Francisco de Almeida Pais de Villas Boas.

Foram seus Imediatos os seguintes oficiais da Reserva Naval:
2º TEN RN Luis Fernandes Frutuoso da Costa - 7º CEORN, 2º TEN RN João do Carmo Lourenço - 7º CEORN, 2º TEN RN Gabriel Marcelino Barbosa de Almeida - 9º CEORN, 2º TEN RN Nuno Pizarro de Campos Magalhães - 16º CFORN e ainda o 2º TEN Luis Carlos Vieira Ferreira dos QP's.

Sem comentários:

Enviar um comentário