Ao ter lido os três episódios que o José Sequeira enviou para publicação neste blogue, relacionados com o tempo em que ele e o Botelheiro frequentaram as instalações do Sporting Clube de Portugal, praticando a modalidade de xadrez, eles trouxeram-me à memória um facto ocorrido, em determinada noite, na “esquina do Albuquerque”.
O protagonista principal foi precisamente o Botelheiro, indivíduo de trinta e tal anos, uns bons anos mais velho que a maioria da malta, solteiro, que vivia também num quarto alugado Para realçar o efeito da mensagem que o Botelheiro transmitiu nessa noite e que mais adiante vou reproduzir, convém traçar, ainda que sumaria e grosseiramente, o seu retrato físico.
Meão de estatura, era um homem franzino, magro, de cara quase glabra e um pouco pálida, mas, talvez para atenuar a impressão da sua barba esparsa, tinha um bigode de pêlos muito compridos que se assemelhavam àqueles fios que, antigamente, eram usados como fusíveis nos quadros eléctricos
Naquela noite, conversando diretamente com o Belo Moreira, que tinha a alcunha de “Pesseguinho”, por ter uma cara arredondada com faces rosadas, dirigiu-se-lhe nestes termos: “Nota Pesseguinho, eu agora sou atleta do Sporting.”
Aquela afirmação proferida, talvez, com uma disfarçada intenção provocatória e ouvida por uma assistência bastante alargada, suscitou o interesse e a curiosidade de muitos circunstantes. Apercebendo-se que as suas palavras tinham originado tal efeito e para que não restassem dúvidas, de imediato exibiu publicamente o comprovante cartão, com logotipo do Sporting.
Provavelmente, para que o referido cartão constituísse testemunha credível, não deixou de acrescentar: “sou atleta do Sporting, pratico a modalidade de xadrez.”
Não houve comentários, mas foram inevitáveis risinhos entre a malta presente.
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